segunda-feira, 24 de maio de 2010

A explicação que eu daria a uma criança:

Primeiro, você pega uma caixinha pequena, do tamanho de um dia feliz – a alegria sempre pode ser maior – uma caixinha pequena e lisa, que é pra você enfeitar do jeito que for mais seu. Você forra a caixa por dentro, com todo cuidado, se possível, com o tecido mais delicado que encontrar. É importante que a casa do seu sorriso seja confortável. Então você começa a preencher o espaço. Comece pelos abraços. Coloque dentro da caixa todos os abraços que você já deu, quer dizer, todos não, só aqueles em que o cheiro da outra pessoa tenha ficado na sua roupa depois, os mais longos e apertados. Em seguida, coloque a sua comida preferida. Pode ser doce. Deve ser doce. Mas pode ter sal também. Duas ou três fotos que você mesmo tenha tirado. Das nuvens, do jardim e das crianças. A sua flor preferida, a sua cor preferida, o casaco mais confortável que você tiver. Coloque a cena mais bonita, do filme mais emocionante, com ou sem beijo, mas com muita verdade. Isso, coloque verdade, em doses imensas. Mas nenhuma que possa machucar. Não se esqueça da música. Uma caixinha tão delicada precisa de música, pra dançar, inclusive. Aquele álbum raro, da melhor banda de todos os tempos, precisa estar lá. Coloque carinhos no cabelo, cheiros de mar, poemas curtos, receitas de bolos, gargalhadas na grama. Inclua frases como: “já viu como a lua está linda hoje?” ou “eu adoro dias frios” ou “hahaha”, mas, principalmente, esta: “gostou? Fui eu que fiz”. Você coloca o que você tem de melhor dentro dela e chega até a se perguntar como coube tanta coisa em uma caixa deste tamanho. Ela supriria um filho cuja mãe estivesse ausente, ela alimentaria toda uma civilização escondida no topo de uma montanha, ela detonaria fogos de artifício em um deserto. Mas não. O que você quer é entregá-la a uma só pessoa. E o nome disso é amor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Encontro

Capítulo 1: estômago encontra borboletas.
Assim começa o livro da minha vida.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quando

Plantei uma alegria no futuro.
Fui lá e dei uma mordida.
Tinha sabor de agora.