segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma carta para o futuro

Bom dia, filho. Digo bom dia porque escrevi uma carta tão ensolarada pra você que eu espero que você leia de manhã., com as janelas bem abertas. Daqui a dez anos, eu já vou ser sua mãe, mas hoje eu ainda sou outra coisa que você não vai poder conhecer. Normal. Nem todas as coisas nos esperam para acontecer. É por isso que eu estou escrevendo, porque eu queria muito que você soubesse o cheiro que o meu cabelo tem agora aos vinte e poucos anos. E que hoje ele está comprido, mas já foi curto também. Eu queria que você soubesse que eu não perco uma oportunidade de dançar, mesmo que eu esteja no metrô, mesmo que não tenha música. Eu sou assim, filho. E fico feliz quando como atum na hora do almoço. Atum é um peixinho que eu vou te mostrar um dia. Eu sou uma menina que perde todos os papeis e chaves de casa, mas não fica com medo, eu juro que vou saber cuidar bem de você. Quero que você saiba que eu pinto as unhas de amarelo e acredito tanto no amor incondicional, que abro cada vez mais os braços, para que ele ganhe o mundo. Espero que quando você estiver lendo esta carta, o tempo já venha com 3 ponteiros, ao invés de dois: minuto, segundo e alegria, indicando que é hora de sorrir mais. Mas espero mais ainda que você entenda que o tempo linear é menos importante do que o tempo que você quer que as coisas durem. Só agora me lembrei que talvez você nem saiba ler ainda. Não tem problema, deita aqui que eu te conto tudo antes de dormir.