terça-feira, 8 de setembro de 2009

Quase

Tenho 5 ponteiros em cada mão apontando para um tempo que é unicamente o do corpo. Se alguém me perguntasse que horas são, eu poderia dizer apenas: hora de ser outra. E com isso não sei mais dizer quando cheguei aqui neste quarto ou quando foi que lhe vi pela primeira vez desse jeito tão, não sei, exposto? Sim, exposto é um bom adjetivo quando estamos assim quase-entregues. Pois que todas as minhas partes me lembram que somos um quase-casal. Que há algo entre nós, como um hífen, guardando a chuva do lado de dentro deste lugar. Quero me tornar uma mulher que não conhece formas retas, camas exatas, fatias de quartos. Anda e me bagunça, porque eu não posso mais dormir numa quadra de tênis. Estamos a beira de viver e no entanto, fazemos a volta. Você não tem um milímetro de amor e eu só sei andar pulando réguas de dois em dois.


(texto publicado em canetalentepincel.blogspot.com)

2 comentários:

  1. entendo bem esse lance dos quase !!! e saudade do ateliê , pena que não vou poder nesse semestre : (

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  2. Nossa!! amei, amei, amei, amei.
    Visitei o seu blog hoje esperando por alguma coisa que me fizesse sentir, e achei. Não estou tao pedra como te disse. Thanks to you!

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