É engraçado como de uma hora pra outra,
Eu – esse ser tão descabido de interrogações –
Posso segurar a chama de um isqueiro com a língua,
Sustentar o vento com a pálpebra do meu polegar,
Escravizar as uvas retendo apenas o liquido denso e vivo
que sai delas,
Catapultar avenidas,
Abrigar montanhas dentro do meu casaco de seda,
Ouvir o que sussurram as formigas na linha do trem,
Posso tudo, e nada me evapora,
Só não posso, nem com toda a sorte do mundo,
dizer não.
Por isso, espero.
E tenho saudade.